sábado, 24 de abril de 2021

24 DE ABRIL: DIA INTERNACIONAL DA JUVENTUDE TRABALHADORA

#Juventude #ClasseTrabalhadora

O dia de hoje nos remete a reflexões sobre o mundo do trabalho, em vista a relação entre a classe trabalhadora e as juventudes. 

Valorizo essa data, em virtude da instituição do Dia Internacional da Juventude Trabalhadora, pensado pela Juventude Operária Cristã Internacional (JOCI) na década de 1970, como forma de fortalecimento das lutas, dentro do mundo do trabalho, haja vista as reivindicações pela criação de postos de trabalho e por direitos, feitos por segmentos juvenis em todo mundo. 

Uma data que surgiu, diga-se de passagem, em um horizonte conturbado, visto os processos de transformações ocorridas após a Segunda Guerra, percebidas, sobretudo na divisão internacional do trabalho e nas transmutações do capital industrial, repercutindo nas formas e relações de trabalho.

E percebendo tais repercussões a JOCI entendeu esse dia, como uma data necessária, visando o fortalecimento das lutas, da consciência e das mobilizações, com vistas a construção de uma nova realidade social. Entendimento esse que ainda se expressa com fortes relações à atual conjuntura. 

A exemplo do Brasil, que em tal contexto de crise econômica e pandemia, percebe-se o aumento das desigualdades e ampliação da miséria, fome e desemprego. Cerca de 70%, dos 14 milhões de desempregados no país, são jovens, e em sua maioria negros(as) e moradores(as) de periferias e favelas.

Soma-se também, a chacina da juventude negra e periférica, que ainda se apresenta em índices alarmantes, bem como as infecções e mortes por conta da Covid-19, que vem se ampliando na população jovem, em todo país. Um horizonte deveramente preocupante. 

Assim, distanciados das devidas comemorações, não restam dúvidas que este 24 de abril, se estabelece por ora, como um marco simbólico que visa o compromisso das juventudes e da classe trabalhadora com a construção de um país mais justo, soberano, democrático e nos rumos do desenvolvimento. 

Pois, nossa juventude não quer morrer! Ela quer vacina, escola, emprego e democracia! Fora Bolsonaro! 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

ESCOLA E PERSPECTIVAS: O QUE ESPERAR PARA O ANO LETIVO DE 2021?

O ano de 2020 será historicamente marcado pelas profundas mudanças provocadas pela pandemia da Covid-19. Na seara educacional, é comum percebemos, nos mais variados discursos, proferidos principalmente por professores e professoras, bem como os demais trabalhadores e trabalhadoras da educação, que em março, surgiu uma nova escola, devido ao processo de suspensão das aulas presenciais, haja vista que o novo Coronavírus já se propagava rapidamente entre as pessoas.

O medo, a insegurança e a incerteza foram marcas desse processo, e a escola se percebeu numa grande encruzilhada.

Como seria possível conceber um espaço de aprendizagem escolar, sem interação presencial? As escolas fechariam sua portas, frente a pandemia? Era o que muitos se perguntavam.

E diante tantas dúvidas, as aulas de março foram suspensas. Faltavam 10 dias para terminar o mês, e todos que ali estavam precisavam de soluções para aquele momento.

Os dias se passavam e já se tornavam iniciantes, algumas experiências remotas de ensino, com a oferta de pequenas aulas por vídeos. A escola não podia acabar.

Em abril, os professores e professoras das escolas particulares, adiantaram suas férias, que ordinariamente se efetiva em julho. Todo tempo era válido para se pensar e apontar saídas, a escola não podia parar.

Nesse momento, outras experiências didáticas tiveram que ser visitadas pelas equipes pedagógicas, do home schoolling às metodologias ativas; dos modelos de ensino híbrido aos fundamentos da educação à distância; das tecnologias da informação e comunicação aos ambientes virtuais de aprendizagem etc.

E esses processos, levaram a comunidade escolar a convergir, que nesse momento, a internet cumpriria um singular papel tático para a continuidade das atividades escolares. Era a ferramenta mais viável, pelo menos para uma parcela da população.

Passado alguns dias, os rápidos momentos formativos voltados à construção de uma "escola para os tempos de pandemia", surgia, de forma emergencial e sem a mínima regulamentação. Fazendo nascer, o que hoje chamamos de Ensino Remoto.

E esse novo modelo de aula se entrelaçou com as dinâmicas didáticas tradicionais e a escola se transformaria em um grande laboratório pedagógico. No entanto, como toda transição, as dúvidas e os obstáculos surgiam com mais intensidade e os trabalhos pedagógicos aumentariam substancialmente.

Não tínhamos completados nem sessenta dias de atividades remotas e já percebíamos, na comunidade escolar em geral, cansaço e esgotamento (tempo de tela, estresse, isolamento, tudo contribuía). Mas era preciso manter a escola viva.

E os processos seguiram, o ensino remoto persistiu com poucos marcos regulatórios, apenas orientações, resoluções e portarias, emitidas por órgãos educacionais (MEC, Conselhos, Secretarias etc.). Questões como, avaliação e frequência continuavam com poucos regramentos, mas a oferta das aulas prosseguia.

Com a reabertura gradual das aulas presenciais, o modelo de ensino tradicional funde-se ainda mais com as práticas remotas.

Nesse momento, mais uma vez, os esforços profissionais passaram a ser maiores, principalmente no trabalho docente, que agora se estabeleceria numa jornada dupla, lecionar presencialmente (aos alunos que voltaram à escola) e virtualmente (aos demais que permanecem em isolamento), por meio das plataformas.

O cansaço mental foi inevitável, assim como o medo, pois com o retorno à escola, as possibilidades de contágio seria maior, mesmo com os mais rígidos protocolos de segurança sanitária.

Mas ainda assim, a escola vem conseguindo sobreviver a 2020. Em sua grande parte, com a contínua adesão aos modelos remotos. Porém tarefa de repensar o que será dos próximos dias permanece, uma vez que os trabalhos de consolidação de um novo modelo escolar, voltado à pandemia, ainda não se esgotou.

É bem verdade que estamos mais preparados, o ano foi de muito trabalho e aprendizado, nos mais variados sentidos, porém como será a escola em 2021?

O horizonte que se apresenta ainda estabelece às previsões de continuidade desse modelo misto - presencial e virtual. A questão do acesso e frequência escolar também tem sido um problema que necessita de maior esforço, sobretudo no âmbito da escola pública e as práticas avaliativas precisam ser repensadas, principalmente nas suas ferramentas.

Porém, outra lacuna que precisamos avançar para o próximo ano letivo, se estabelece na sustentabilidade e regulamentação dessas novas maneiras de ensino.

Ora, se os processos educacionais mudaram velozmente, é bem verdade que a escola precisará também se transformar, principalmente no que diz respeito a sua sustentabilidade, seja financeira, pedagógica, didática, espacial etc.

Além disso, espera-se que o trabalho docente tenha mais regulamentação, pois os esforços têm sido hercúleos por parte dos professores e professoras, categoria que vem sentindo prejuízos financeiros e em sua saúde, mental e física, com as novas rotinas educacionais postas.

Por fim, penso que em 2021 teremos um ano letivo com uma escola mais preparada aos desafios que possam se apresentar, mas com a certeza de que os processos ainda não se esgotaram, e agora, o momento é de amadurecer aquilo que foi construído, a fim de solidificar as novas práticas escolares, de forma saudável e sustentável.

Pois a escola não pode parar, uma vez que, sem ela, a sociedade perece em mediocridade e ignorância.

Professor Wallace Melo Barbosa - Secretário de formação e assuntos econômicos do Sinpro Pernambuco.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

BOLSONARO E O ENCARCERAMENTO DAS JUVENTUDES

#Juventudes #NãoÀRedução 

Tramita em Brasília, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC nº 32/2019), de autoria do senador Flávio Bolsonaro, que visa modificar o artigo 228 da Constituição Federal, e propõe a redução da maioridade penal no Brasil, para as idades de 14 e 16 anos, dependendo do grau de ilicitude. 

 E frente ao conteúdo tratado pela PEC e a proposição apresentada pelo senador e filho do presidente da República, a Secretaria Nacional de Juventude, órgão do governo federal responsável pela construção de políticas públicas voltadas à população jovem, no dia 15 de dezembro, publicou uma Nota Técnica dando um parecer favorável à redução da maioridade penal. 

Um parecer que não foi bem avaliada pelos movimentos juvenis no estado, que por sua vez, encaminharam a discussão para o Conselho Estadual de Políticas Publicas de Juventude (CEPPJ/PE). E após análise sobre o caso, o órgão lançou uma nota, repudiando a proposta de redução da maioridade penal no país. 

De acordo com a nota do CEPPJ/PE, a proposta de redução da maioridade penal, “vai na contramão dos estudos de combate à violência e criminalidade”, culminando e uma medida que facilitará um encarceramento da juventude no país. 

A nota também questiona o governo federal sobre a falta de investimentos educacionais e políticas que desenvolvam e aumentem a empregabilidade da juventude brasileira. E conclama os movimentos sociais a lutarem contra a PEC. 

“Não podemos deixar, que um governo irresponsável e descomprometido paute agora os nossos rumos e o que é pior, ao invés de apresentar as soluções e caminhos mais viáveis ao desenvolvimento social, pretende reduzir a maioridade penal e assim, encarcerá os(as) jovens brasileiros(as)”, ressalta a nota. 

Além do Conselho Estadual de Juventude em Pernambuco, os gestores estaduais de juventude do Nordeste, após reunião, para tratarem sobre a PEC de Flávio Bolsonaro, lançaram uma nota, com ampla concordância de todos os estados, posicionando-se contrários à redução da maioridade penal no Brasil. 

Sobre o posicionamento da Secretaria Nacional de Juventude, os gestores, em nota, avaliaram que a postura da secretária Emilly Rayanne Coelho Silva, contraditória aos interesses e prerrogativas postas ao seu cargo. De acordo com os gestores: “é completamente anacrônica a defesa da redução da maioridade penal por um órgão cuja função é criar políticas públicas em defesa da juventude. É postura incompatível com o cargo e traidora dos interesses da juventude brasileira”. 

Já os ex-presidentes do CONJUVE, e ex-secretários nacionais de juventude, também manifestaram suas opiniões, se posicionando contrários à redução da maioridade penal e lançando nota, repudiando o conteúdo da PEC apresentada por Flávio Bolsonaro e homologada pela Secretaria Nacional de Juventude. 

Segundo os secretários e presidentes: 
“A redução da maioridade penal não passa de uma medida de agravamento da seletividade racial do sistema penal e de aprofundamento do genocídio, que ao longo dos anos tem sido responsável pela morte de milhares de crianças, adolescentes e jovens negros no país. Vale lembrar que a tentativa de ampliar o controle sobre corpos negros de ainda menor idade é uma prática típica de grupos autoritários, preocupados em controlar e reprimir a presença da população negra no espaço público

"A Nota da SNJ desrespeita e ignora a proposta mais votada do espaço mais importante de participação social das juventudes, a 3ª Conferência Nacional (2015), que elegeu a proposta “Não à redução da maioridade penal, pelo cumprimento efetivo das medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente”, com 2.600 delegados em Brasília, em um processo que envolveu mais de 600 mil jovens no país”. 

Pois bem, é nítido que, mais uma vez as juventudes estão em disputa, porém, os lados que se apresentam ao embate não divergem na condução das políticas públicas que induzam aos jovens ao desenvolvimento, a empregabilidade ou a formação profissional, escolar ou acadêmica. Nesse páreo, inexiste antagonismo de propostas que versam sobre questões culturais, lazer, esportes ou protagonismo juvenil. Pelo contrário. O que está em jogo é a apresentação pública de um projeto de sociedade que marginaliza e amplia as possibilidade do encarceramento das juventudes, relegando os (as) jovens, sobretudo os(as) negros(as), trabalhadores(as), moradores(as) de periferias e empobrecidos(as) como agentes da criminalidade e da violência. 

É válido rememorar que ainda são elevados os índices da violência e mortalidade contra a juventude negra no Brasil, que os nossos problemas não estão na juventude, pois essa, em sua grande maioria, quer viver, estudar e trabalhar. Reduzir a maioridade penal no Brasil não é solução, estudos apontam que o diagnóstico é falso. Contudo fica aqui a indagação, a quem servirá essa política de encarceramento proposta pela família Bolsonaro? 

A coerência nos convoca ao debate e a defesa das juventudes! Um embate que reflete o que o Brasil de hoje fará para o país que teremos no amanhã! Pensemos nisso e sigamos! 

Não à Redução da Maioridade Penal! 

Acesse as Notas citadas no artigo: 

Wallace Melo Barbosa: professor, humanista, secretário de formação do Sinpro Pernambuco e da UNACOMO/PE, membro do Conselho Estadual de Políticas de Juventude em Pernambuco.

sexta-feira, 19 de junho de 2020

SAÍDA DE WEINTRAUB DO MEC, UM NOVO EPISÓDIO DE UM GOVERNO EM DECADÊNCIA

Na última quinta-feira (18), o economista Abraham Weintraub tornou-se o mais novo ministro a sair do desastroso governo Bolsonaro.

É sabido que a pressão era grande contra o ministro, sobretudo do parlamento e do STF, não apenas pela sua ingerência sobre o MEC, mas também pelas suas declarações e ataques à suprema corte do país.

No domingo (14), o então ministro, participou de uma manifestação, junto ao grupo Bolsonarista, 300 do Brasil, emitindo suas opiniões e reforçando os ataques ao STF. Além disso, Weintraub estava sem máscaras e desrespeitando as orientações sanitárias. Fato esse que ocasionou em uma multa, no valor de dois mil Reais, emitido pelo governo do Distrito Federal. Até o presidente fez críticas sobre a sua participação no ato. Esses acontecimentos, além de, mais uma vez, desgastar a figura do ministro, serviram para acelerar, de certa maneira sua saída do ministério.

Weintraub, frente à gestão do MEC, foi se tornando persona non grata, por diversas instituições, parlamentares e organizações civis. No congresso nacional, muitas de suas decisões foram revogadas pelos deputados (ID estudantil, não adiamento do ENEM, nomeação de reitores das universidades etc.), alguns pediram até sua demissão e prisão. E na última segunda-feira (15), seu nome foi mantido, por decisão do STF, nos inquéritos das fake news. Além disso, Abraham ainda é investigado na suprema corte, em uma denúncia de racismo, quando proferiu opiniões sobre a China.

Segundo Abraham Weintraub sua demissão se justificou pelo convite recebido para trabalhar no Banco Mundial. Mas, até a ala militar que compõem o governo, já pressionava o presidente pela saída do ministro.

Segundo informações, o MEC passará por um momento de transição, para que seja nomeado outro ministro. Os caminhos não serão fáceis, pois os 14 meses de permanência de Weintraub na pasta, o acúmulo político do ministério foi de profundo retrocesso, impopularidade, desgastes e ingerências.

Um novo ciclo desastroso, agora no Banco Mundial 
Weintraub, ao comunicar sua saída do MEC, ressaltou que estava fechando um ciclo e começando outro. Sua indicação ao Banco Mundial foi oficializada pelo ministério da economia. O Brasil tem a prerrogativa de indicar o profissional que representará os interesses financeiros nacionais e ainda dos seguintes países, Colômbia, Equador, República Dominicana, Panamá, Haiti, Suriname, Trinidad e Tobago e Filipinas.

Os governantes desses países, ainda não se pronunciaram em relação ao nome apresentado por Bolsonaro. Sabe-se que Weintraub tem formação e experiência no setor econômico. Trabalhou por muitos anos com o sistema financeiro, no entanto, sua trajetória profissional como economista é marcada pela falência do banco Votorantim.

Alguns ex-integrantes do Banco Mundial não reagiram bem em relação à indicação de Weintraub à instituição. O caso pode até se tornar uma “piada internacional”, devido à possibilidade real, visto a conduta profissional do ex-ministro, de ser mais um ato desastroso do governo Bolsonaro.

Exclusão ao acesso à pós-graduação, eis o último ato de Weintraub no MEC
No dia de seu desligamento do MEC, o então ministro, não podia deixar de reafirmar a sua marca de gestor público incompetente, traço esse que o acompanhou pelo tempo de condução do ministério da educação. E para selar sua saída, Weintraub revogou a portaria que estabelece cotas para estudantes negros (as), indígenas e com deficiência nos programas de pós-graduação nas universidades federais. Mais um retrocesso na educação do Brasil.

Sobre esse fato, os deputados federais, Danilo Cabral e Denis Bezerra, ambos do PSB, apresentaram um projeto de lei visando suspender os efeitos da portaria emitida pelo ex-ministro da educação, e assim fazer a defesa das cotas na pós-graduação das universidades.

No entanto, na terça-feira (23), o ministro interino da educação, Antonio Paulo Vogel de Medeiros, visto o equívoco cometido, revogou o último ato de Weintraub, retomando assim, a política de cotas para as pós-graduações nas universidades federais.

Weintraub vai de “mala e cuia” para os EUA
Outro aspecto nada convincente foi a rápida mudança do ex-ministro da educação para os Estados Unidos. É bem verdade que Weintraub justificou sua saída do MEC devido ao convite de trabalho no Banco Mundial, mas na ocasião da notícia, também falou numa transição no ministério. No entanto essa passagem de bastão não contará com a sua presença. No dia que anunciou sua demissão, falou aos seus seguidores, por meio de suas redes sociais, que precisaria sair do país o mais rápido possível.

Weinntraub, na manhã do sábado (20) já se encontrava em solo americano. O ex-ministro aproveitou as vantagens conferidas pelo cargo ministerial e conseguiu entrar nos EUA sem a necessidade de uma quarentena, uma vez que a legislação local abre essa exceção com vistos especiais. Logo após sua chegada em solo norte-americano, a sua exoneração foi publicada no Diário Oficial da União. A ida repentina de Weintraub aos EUA gerou desconfiança, já que o ex-ministro bolsonarista vem sendo investigado e tem “nome sujo” no Supremo Tribunal Federal, que por sua vez, chegou a proibir sua saída do país.

Alguns deputados também fizeram requerimentos à justiça pela retenção do passaporte de Weintraub, alegando que a saída do país, atrapalharia as investigações que envolvia o ex--ministro.

Será que Weiintraub está escondendo algo ou fugindo da justiça, ou tudo isso foi a vontade de assumir o novo emprego no Banco Mundial? Até o momento, os outros países ainda não se manifestaram em relação a indicação do Brasil. Ficam as expectativas para os novos capítulos.

sábado, 16 de maio de 2020

ENSINO REMOTO: OS PROFESSORES(AS) JÁ ESTÃO ESGOTADOS(AS)

O atual contexto de pandemia implicou em grandes mudanças na rotina de trabalho de várias categorias profissionais, dentre essas, a dos (as) professores (as). Em Pernambuco, desde o dia 18 de março, as aulas presenciais estão suspensas, devido às determinações do poder público, haja vista o necessário enfrentamento a disseminação da Covid-19 no estado.

Ainda em março, o Conselho Estadual de Educação, por meio da Resolução Nº 03/2020, dentre outras orientações, regulou, no âmbito do sistema de ensino de Pernambuco, a possibilidade de atividades pedagógicas mediadas por tecnologias não presenciais, em tempo real ou não.

No âmbito das escolas particulares, diante a suspensão das aulas, os sindicatos dos(as) professores(as) (Sinpro Pernambuco) e dos patrões (Sinepe), acordaram no adiantamento das férias da categoria para o mês de abril. Prevendo a volta às aulas para maio, na forma de ensino remoto.

Contudo, o retorno das atividades escolares nas instituições particulares, embora autorizadas e orientadas pelas normativas emitidas pelos conselhos (estadual e nacional) de educação e alicerçadas na Medida Provisória 934/2020, publicada pelo Ministério da Educação, dispensando excepcionalmente a obrigatoriedade quanto ao cumprimento dos dias de efetivo trabalho escolar, tem sido um desafio enorme para toda comunidade escolar.

No que diz respeito ao fazer docente, essa realidade não tem sido fácil, nos aspectos pedagógicos e também no âmbito das relações de trabalho, principalmente pelo fato de muitas escolas estarem adotando as implicações da Medida Provisória 936/2020, que, dentre outros alcances, estabelece uma sistemática redução nas jornadas de trabalho e nos salários dos (as) professores (as).

No final, a realidade se estabelece da seguinte forma: Professores (as) com salários reduzidos, mas, contraditoriamente, com demandas de trabalho crescentes, no que diz respeito, sobretudo ao ensino remoto.

É bem verdade que essas mudanças no fazer docente estão em curso, sobretudo no âmbito das transformações oriundas da quarta revolução industrial, na constituição de uma educação 4.0, mobilizando nos processos educacionais aspectos da inteligência artificial, tecnologias da informação e comunicação, internet das coisas, metodologias ativas, ensino híbrido etc. Porém, ninguém esperava que as transformações epistemológicas e didáticas oriundas desses contextos, ocorressem sob um espectro emergencial e de forma acelerada devido ao contexto da pandemia.

E assim, desprovidos de uma mínima transição, o ano letivo foi radicalmente transformado, como também, a rotina de milhares de profissionais da educação. Mudanças que acarretaram em novos desafios e possibilidades às práticas educacionais, e emergiu um campo de atuação profissional desprovido de regulamentação e carente de normativas mais específicas, haja vista, sobretudo o ambiente de excepcionalidade.

O fato é que lecionar e interagir com estudantes, mediado por telas não vem sendo uma coisa fácil para a categoria de professores(as), e não é só por questões geracionais, existem outras variáveis mais complexas nesse horizonte. Por exemplo, temos uma gama de mestres que não dominam com tamanha maestria os recursos, as metodologias e plataformas tecnológicas, principalmente as mais específicas para o âmbito educacional.

O acesso as tecnologias também atinge esse contexto, bem como o tempo de adaptação e aprendizado, principalmente para transpor as aulas e os planejamentos para versões digitais e não presenciais. Esses fatores, dentre outros, implicam aos professores (as) mais tempo de trabalho e investimentos para obterem formação e acesso aos recursos tecnológicos.

E os resultados estão sendo percebidos por toda categoria. As semanas têm sido de aprendizagem e dedicação. Porém, o trabalho e as demandas só aumentam. As dúvidas também. Como ficam a integridade e o direito à imagem e a produção intelectual nessa quadra de ensino remoto? Qual o tempo mínimo para uma aula à distância? Como avaliar o desempenho cognitivo nesse novo momento? Como calcular o tempo e a jornada de trabalho dos profissionais? Os questionamentos são crescentes.

Percebam que os esforços tem sido hercúleos para que as atividades pedagógicas cheguem às casas dos (as) estudantes. A privacidade dos domicílios e os horários livres dos (as) professores (as) tem sido tomados pelo trabalho remoto e muitos desses (as) profissionais, por incrível que pareça, estão com suas jornadas contratuais reduzidas, via Medida Provisória 936, mas na prática, trabalhando muito mais, se comparado aos períodos pré-pandemia.

Pois bem, os (as) professores (as) das escolas particulares estão, em meio a todas as dificuldades impostas ao estado de isolamento e distanciamento social, ficando esgotados (as), e olhem que as aulas remotas retomaram no início de maio, temos ainda muitos dias letivos pela frente.

Enfim, eis que está aberto um horizonte destituído de regras objetivas, obviamente justificadas pela situação extraordinária de pandemia, mas que, já é chegada à hora de iniciarmos as discussões sobre como deve se estabelecer o ensino remoto nesse período, pelo bem da educação e pela saúde e preservação dos mestres. Cuidemos dessa pauta junt@s!
Wallace Melo Barbosa, professor, humanista, secretário de formação do Sinpro Pernambuco e atua nas redes, particular e pública, com a educação básica e no ensino superior privado.

sábado, 21 de março de 2020

EPIDEMIA BOLSONARO! A SAÚDE DO PAÍS EM RISCO


Por Wallace Melo Barbosa

A desastrosa agenda do governo Bolsonaro, vem trazendo sérios riscos, em diversas instâncias, para o povo brasileiro, sobretudo os mais pobres. Enquanto o mundo se mobiliza no enfrentamento do Covid-19, o presidente minimiza o problema, incita pessoas a irem às ruas e, na contramão das autoridades sanitárias, aparece em público para cumprimentar seus seguidores.

Um governante que, além de não apresentar as saídas necessárias para a retomada do desenvolvimento nacional, não esconde suas fortes relações com o crime organizado, milícias, e grupos ideológicos neofascistas. A famiglia Bolsonaro, por sua vez, ataca constantemente as instituições democráticas no Brasil, flerta com idéias ditatoriais e, não cansa de gerar polêmicas com insinuações desrespeitosas e ataques a outras nações.

Um governo que já sofre desgaste e demonstra despreparo e insuficiência E diante dos esforços mundiais para combater o novo Coronavírus, o Brasil já apresenta pessoas contaminadas e óbitos. As autoridades públicas aumentam diariamente os esforços para conter a proliferação do Covid-19. A população, por sua vez, mesmo diante das orientações permanece em um estado de medo e insegurança, por suas vidas e pela sobrevivência diária.

É bem verdade que o Coronavírus chega ao Brasil em um período de crise. Num cenário balizado pelos cortes nos investimentos nas áreas sociais e no Sistema Único de Saúde; pelas emergentes taxas de desemprego e aumento da miséria; e pela desvalorização da moeda brasileira, desestabilizando o comércio e reduzindo os investimentos na economia, a população não sabe onde vamos chegar, com essa pandemia.

No entanto, visando proteger, não a população, mas o mercado, o ministro da economia, Paulo Guedes, orientado por Bolsonaro, apresenta como medidas do governo para superar a pandemia do Coronavírus, a possibilidade de redução, de até 50%, dos salários da classe trabalhadora, sobretudo dos servidores públicos. Ações essas que durariam até o final de 2020.

De concreto é que, nesse momento, o governo não apresentou um plano mais denso, a fim de combater o Covid-19, tampouco ampliou os investimentos no Sistema Único de Saúde. O que Bolsonaro tem feito é fechar fronteiras, com países vizinhos (Venezuela, Argentina, Colômbia, Bolívia, República Cooperativa da Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru e Suriname).

Na contramão da democracia e da transparência
Que o governo Bolsonaro é inimigo declarado da democracia, todos sabem, inclusive os setores da direita, contudo, frente a essa realidade tão complexa, marcada pela desinformação e circulação descontrolada de fake news, a necessidade de informações oficiais, principalmente sobre a pandemia do Coronavírus é imperiosa. A transparência nas ações institucionais pode ser uma ferramenta salutar para tranqüilizar a população.

Por outro lado, esconder ou não atualizar informações oficiais só ajuda na circulação de notícias falsas. E diante essa quadra, o governo Bolsonaro, ainda na contramão do bom senso, simplesmente “desativou” o link da plataforma IVIS, portal oficial para se obter informações de vigilância em saúde. Desde a última quinta-feira (19), a seção que trata sobre as notificações e índices sobre o Covid-19, encontra-se em manutenção e não há, ainda, uma data certa, para a atualização dos dados no site. No sábado (20), a plataforma se apresenta com um novo layout, porém, inexistindo relatos sobre o Coronavírus no país.

Segundo o ministério da saúde, a plataforma está em processo de modernização técnicas e operacionais, sem previsão de término.

O que temos é um presidente que se comporta mais como um “famoso da internet”, do que uma liderança política. Relega o destino do país a um horizonte nebuloso. Contudo, as respostas, mesmo em um cenário complexo e de isolamento, vem surgindo, nos diversos setores da sociedade. As panelas soaram novamente, mas agora, contra o presidente Bolsonaro.

E diante desse cenário, ao mesmo tempo em que temos que aumentar nossa empatia e solidariedade, precisamos manter a racionalidade, a fim de entender que nossos maiores problemas, embora tenham razões peculiares, as saídas se estabelecem na política.

Não me refiro a politizar a pandemia, mas exigir dos poderes públicos saídas que protejam a população. No entanto, o que vem sendo apresentado, pela famiglia Bolsonaro são apenas reuniões com empresários e banqueiros, o governo vem colocando o mercado na frente das vidas.

Combater a epidemia do bolsonarismo 
O bolsonarismo se impregnou no tecido social brasileiro, muito semelhante a uma epidemia. Contaminou mentes e corações, com suas narrativas preconceituosas. Apresentando soluções fáceis para problemas estruturais, o presidente acredita que, somente com suas aparições em lives, externando dizeres patéticos, conseguirá enganar os(as) brasileiros(as), e alimentar sua perigosa rede de apoiadores, milícias, grupos neofascistas, conservadores e representantes do mercado (em sua pior concepção, obviamente).

Contudo, os resultados práticos não aparecem (e nem vão acontecer). O PIB não cresce, a moeda desvaloriza-se, e as aparições midiáticas do presidente (com ou sem humoristas e ministros) estão perdendo força. Setores das classes médias, que a outrora, se encantavam com as palavras de Bolsonaro, já se mostram céticos. Organizações e partidos de direita já se posicionam distantes.

Assim, o horizonte apresenta uma oportunidade de revertermos o quadro político. Combater o bolsonarismo é cuidar da saúde da democracia brasileira, pois, como um câncer, cresceu, afetou diversos órgãos e pode levar o país a uma “metástase política”, alicerçada num Estado autoritário, policialesco e monocrático.

O tecido social brasileiro acumula dois desafios, pelo bem da saúde do povo. O primeiro, vamos superar com isolamento das pessoas em suas residências, cuidados preventivos, aumento nos investimentos públicos no SUS e na ciência, para assim, chegar às necessárias profilaxias ao Coronavírus.

O segundo desafio, sua derrocada acontecerá com a construção de uma frente ampla, coletividade, acúmulo de forças e mobilização em torno da democracia. E assim, vamos nos livrar da epidemia do bolsonarismo, deixar o país saudável, para os (as) brasileiros (as) e retomar os rumos do desenvolvimento, em detrimento ao estado de crise que, até então se apresenta. Os caminhos que estão postos nos remetem a luta por transformações!

Wallace Melo Barbosa é professor de Ciências Humanas, membro da direção do Sinpro Pernambuco e do PCdoB/PE.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

A DEMOCRACIA RESISTIRÁ AO ENREDO DE UM GOLPE


É bem verdade que o atual presidente tentou estabelecer um controle sobre o Carnaval e impor ao país, durante os dias de festejos, uma agenda populista, a fim de minimizar a sua rejeição perante o povo.

Porém, vendo que não conseguiu fazer do carnaval um palanque, Bolsonaro, além de não ter conseguido impedir as críticas nas ruas, no final, deixou sua máscara cair, e em plena terça-feira (25), convocou um levante contra o regime democrático.

Um estado lamentável e preocupante ao povo. Mas será que um novo golpe de estado vem se apresentando?

Pois bem, o ataque as instituições democráticas e a convocação para um ato contra os poderes, judiciário e executivo, mostram o caráter autoritário do governo Bolsonaro. Deixando os vários setores democráticos em alerta geral, pois fechar o Congresso Nacional e o Supremo Federal é rasgar de uma vez os princípios democráticos constitucionais e conduzir o país, a uma aventura ditatorial trágica e deveras perigosa.

Não é novidade, que o presidente Bolsonaro, além de flertar com o crime organizado e as milícias, tem, dentro de uma narrativa conservadora, o desejo de desmontar ou até mesmo implodir as demais instituições democráticas do país. Foi assim, quando obrigou o então ministro Sérgio Moro, a proteger Flavio Bolsonaro e Fabrício Queiroz, frente aos esquemas ilegais que os mesmos estão envolvidos. É assim, com o silêncio nada acidental da força tarefa da operação Lava-Jato, frente a casos de corrupção dentro do governo. Na verdade, o presidente quer o país sob a sua tutela e não poupará esforços para tomar de assalto o poder.

E o que aconteceu na terça-feira de carnaval, foi, sem dúvida, a materialização dessa vontade insana de instituir um regime monocrático e ditatorial. E para isso, o presidente convoca o povo, instiga a população a insurgir, no dia 15 de março, contra a democracia e suas instituições. Não esperemos racionalidade e equilíbrio, por parte de Bolsonaro, nesses próximos dias.

Sobre esse caso, o ministro do STF, Celso de Mello, declarou que, se confirmada à autoria desse chamado contra a democracia, pelo chefe do poder executivo federal, tal atitude seria algo que revelaria “a face sombria de um presidente da República que desconhece o valor da ordem constitucional, que ignora o sentido fundamental da separação de poderes, que demonstra uma visão indigna de quem não está à altura do altíssimo cargo que exerce”.

O governador do Maranhão, Flávio Dino, também se manifestou sobre o caso: “para os que estão achando que o ato do dia 15 de março será ‘normal’, esperemos para ver o festival de faixas, cartazes e discursos contra a Constituição e as leis”.

Já as centrais sindicais, CUT, CTB, Força Sindical, Nova Central, CSB, CSP-Conlutas, Intersindical e CGTB emitiram uma nota em conjunto, denunciando a escalada golpista de Bolsonaro. De acordo com entidades sindicais, [...] Com esse ato, mais uma vez, o presidente ignora a responsabilidade do cargo que ocupa pelo voto e age, deliberadamente, de má-fé, apostando em um golpe contra a democracia, a liberdade, a Constituição, a Nação e as instituições [...].

O líder da oposição, o deputado federal, Alessandro Molon (PSB-RJ), se manifestou e propôs uma reunião de emergência com os presidentes das casas legislativas, Rodrigo Maia (Câmara dos Deputados), e Davi Alcolumbre (Senado Federal), e convocou os líderes dos outros partidos para decidirem o que fazer diante da convocação do presidente ao ato do dia 15 de março. De acordo com o parlamentar, “Temos que parar Bolsonaro! Basta! As forças democráticas deste país têm que se unir agora. Já! É inadiável uma reunião de forças contra esse poder autoritário. Ou defendemos a democracia agora ou não teremos mais nada para defender em breve".

A escritora Eliane Brum, escreveu um artigo para o jornal El País na última quarta-feira (26), alertando sobre o golpe gestado por Bolsonaro e a íntima ligação dos seus movimentos, ao fortalecimento de políticas que institucionalizam a violência policial nos estados; a substituição gradativa de técnicos e políticos por generais e oficiais das forças armadas, no alto escalão do governo federal e os levantes da PM no Ceará. E tudo isso teria alvo estratégico, as instituições democráticas.

Segundo Brum, “Não há nada comparável à situação vivida hoje pelo Brasil sob o Governo de Bolsonaro. Mas ela só é possível porque, desde o início, se tolerou o envolvimento de parte das PMs com esquadrões da morte, na ditadura e além dela. Desde a redemocratização do país, na segunda metade dos anos 1980, nenhum dos governos combateu diretamente a banda podre das forças de segurança. Parte das PMs se converteu em milícias, aterrorizando as comunidades pobres, especialmente no Rio de Janeiro, e isso foi tolerado em nome da “governabilidade” e de projetos eleitorais com interesses comuns”.

No mesmo artigo, a escritora alerta sobre a inteligência do presidente, em entender a lógica de um Estado autoritário e policialesco, “ele nunca escondeu o que defendia e sempre soube a quem agradecer pelos votos”.

De acordo com Brum: “A hora de lutar está passando. O homem que planejava colocar bombas em quartéis para pressionar por melhores salários é hoje o presidente do Brasil, está cercado de generais, alguns deles da ativa, e é o ídolo dos policiais que se amotinam para impor seus interesses pela força”.

Pois bem, é difícil não se espantar com o que vem acontecendo no país, principalmente quando começamos a juntar os pontos, percebendo que os fatos não são tão isolados ou acidentais. Pelo contrário. E a grave atitude do presidente mostrou o quanto estamos vulneráveis.

Mas o horizonte também nos mostra outros caminhos a ser seguidos. E nesse momento, a união dos mais variados setores democráticos é imprescindível para combatermos o bolsonarismo, que se espalha como um câncer em nosso tecido social. A defesa da democracia torna-se o centro da ação política, independente da agremiação partidária que sejamos. A unidade é a bandeira da esperança!

Sigamos juntos com a democracia, pois derrotar o espectro do fascismo que se materializa em Bolsonaro é, sem dúvidas, o maior e mais efetivo ato de patriotismo e coragem que os(as) brasileiros(as) podem ter nesse momento. Vamos unir forças aos partidos políticos, as centrais sindicais, aos estudantes, as mulheres, aos negros(as), a ao conjunto dos movimentos sociais que querem dizer NÃO à ditadura!

FORA BOLSONARO! DEMOCRACIA JÁ! ABAIXO A DITADURA!